No Mês das Mulheres, o papel feminino no foodservice estará em evidência. Esta matéria abordará os desafios do setor gastronômico que elas enfrentam, dos programas que existem para capacitá-las e de histórias de mulheres inspiradoras que conquistaram o reconhecimento merecido.
No mês em que é comemorado o Dia Internacional das Mulheres, no dia 8 de março, vamos destacar o papel que todas têm no setor de foodservice. A representatividade feminina se dá em toda cadeia: comandando a cozinha, fazendo o atendimento no salão, no comando geral do estabelecimento, enfim, as mulheres são a alma e presença fundamental no setor de alimentação fora do lar.
O papel das mulheres no setor de foodservice
O empoderamento das mulheres no foodservice é cada vez mais valorizado, tornando as ações de equidade de gênero uma realidade em muitos estabelecimentos e empresas. Não só pelo contingente de trabalhadoras do setor, mas também, por sua importância como agente inovadora que busca a qualidade em suas atividades.
Panorama atual
A presença feminina é maioria no setor de foodservice no Brasil, de acordo com dados coletados pela Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – com 52% de todo efetivo. As mulheres na gastronomia contribuem e enriquecem o setor com criatividade e inovação nos pratos, mas também em cargos de gestão no comando de empresas, fornecedores, restaurantes, bares, cafés e uma infinidade de estabelecimentos comerciais voltados para a alimentação fora do lar.
Desafios enfrentados
Apesar da liderança feminina ser maioria no foodservice, ainda há obstáculos a serem superados, como desigualdades salariais, ambiente de trabalho com resquícios de atitudes misóginas que acabam se tornando uma barreira para a ascensão das mulheres. Mas de uns tempos para cá nota-se uma mudança no comportamento e na visão dos gestores para ressignificar o papel feminino em toda a cadeia do setor.
Histórias inspiradoras e conquistas
Exemplos de liderança e sucesso
No foodservice brasileiro não faltam mulheres de sucesso. Enfrentando uma batalha diária, elas buscaram conhecimento, se capacitaram e conquistaram uma posição de destaque. Veja alguns exemplos de suas histórias inspiradoras.
- Janaina Torres: coproprietária do famoso Bar da Dona Onça (o outro sócio é seu ex-marido), A Casa do Porco e Merenda da Cidade, Sorveteria do Centro e Hot Pork, foi eleita a melhor chef mulher da América Latina pelo American Express Icon Award (2020) e Latin America’s Best Female Chef (2023). Criada em um cortiço no centro de São Paulo, Janaina iniciou vendendo coxinhas, sanduíches e iogurte natural aos 9 anos pelas ruas da cidade. Sua inspiração é a comida de imigrantes – já que no cortiço onde morava tinha contato com diversas culturas: italiana, africana e espanhola. Se aprofundou nos estudos culinários de comida ancestral e hoje comanda um império gastronômico.
- Helena Rizzo: a porto-alegrense foi modelo, antes de se aventurar como chef. Quando mudou para São Paulo para modelar, a paixão pela gastronomia a fez tentar conciliar a carreira nas passarelas com as panelas, estagiando em restaurantes renomados da capital paulista e desfilando ao mesmo tempo. Aos 21 anos embarcou para a Europa e conseguiu estágios em restaurantes italianos. Quando voltou, fundou o Maní, de cozinha contemporânea. Helena Rizzo é a única brasileira contemplada com uma estrela Michelin, bíblia da gastronomia mundial. Atualmente comanda seu restaurante e ainda é jurada do reality show de culinária @Masterchef.
- Paola Carosella: nasceu na Argentina, mas naturalizou-se brasileira. Foi com os avós, que plantavam e colhiam os alimentos que iriam preparar, que Paola foi introduzida na culinária desde criança. Começou a trabalhar com cozinha de restaurantes aos 18 anos, em Buenos Aires. Já morou em Paris, Califórnia, Nova Iorque e em cidades do Uruguai, sempre cozinhando. Inaugurou o restaurante Arturito em 2008, sucesso até hoje, e anos depois o La Guapa Empanadas. Ficou nacionalmente conhecida ao participar por muitas temporadas do @Masterchef, como jurada.
Iniciativas e ações promovendo a igualdade
Entre os projetos e iniciativas para criar oportunidades para mulheres no foodservice, podemos destacar:
- Juntas na Mesa: projeto lançado em 2022 pela fabricante de cerveja Stella Artois, em parceria com a Gastromotiva. Com o objetivo de promover a equidade de gênero e o empreendedorismo feminino, são ministradas aulas on-line para aperfeiçoar os conhecimentos profissionais de mulheres na gastronomia.
- Culinária Afetiva: destinado a oferecer conhecimento, ferramentas e a inclusão no mercado de alimentação para mulheres da periferia a fim de se capacitarem e consigam montar um negócio próprio na área da culinária.
- Som na Panela: tocado pelo Sebrae-SP, capacita mulheres a explorar seu potencial culinário para que consigam, com o seu trabalho, o empoderamento no foodservice e tenham uma fonte de renda.
- Empreendedorismo feminino e Gastronomia: o Sebrae Play desenvolveu vídeos com insights sobre empreendedorismo feminino na área da gastronomia para quem se inscrever na plataforma.
Tendências futuras e oportunidades para as mulheres no foodservice
Novas oportunidades de mercado
O setor de gastronomia é bastante amplo e continua incorporando inovações e hábitos dos consumidores em seus processos. Isso abre uma série de igualdade de oportunidades para as mulheres, como a digitalização das operações, a sustentabilidade e a alimentação saudável são alguns exemplos. Programas de capacitação e redes de apoio darão maior destaque ao papel feminino, ao mesmo tempo que criarão ambientes colaborativos, inclusivos e que valorizam a equidade de gênero.
Inovação e empoderamento
A área de tecnologia está cada vez mais integrada à tradição culinária. Cardápios virtuais, difusão do sistema de delivery e divulgação nas redes sociais são ferramentas importantes para restaurantes, bares e cafés. Clientes atuais, principalmente da geração Z e millennium, estão habituados com o mundo digital e dominam perfeitamente esses avanços na indústria alimentícia.
Ao mesmo tempo que a tecnologia está presente no meio culinário, nos últimos anos temos visto que a alimentação saudável e a sustentabilidade estão sendo muito valorizadas pelas pessoas. A frase “Descascar mais e desembalar menos” reflete a procura por produtos naturais e orgânicos de produtores locais, favorecendo uma logística mais simplificada que acaba impactando menos no meio ambiente.
Mulheres conquistando cada vez mais espaços no Foodservice
Como vimos, as conquistas das mulheres no foodservice é um fato. Elas já são maioria no setor e é um empoderamento que não pode ser ignorado, pelo contrário, precisa ser valorizado. Seja no comando de um bar, no atendimento ao cliente, na produção dos pratos de um restaurante, ou no uso da tecnologia para o setor, a força das mulheres é muito bem-vinda.
Quanto mais valorizado o papel feminino no foodservice, mais o mercado gastronômico sairá ganhando. Promover a inclusão e a equidade de gênero, abrirá portas para a inovação culinária que muitas mulheres habilidosas possuem e têm pouca chance de mostrar o seu talento.
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Para 2026, as mulheres do foodservice ganharão mais um reforço para suas atividades com a publicação do livro “Mulheres no Foodservice”, que terá como coautora a CEO da Monte Carlo Alimentos, Ana Paula Coelho, que mostrará seu ponto de vista e abordará esses temas com mais profundidade.