Usar as inovações tecnológicas na produção de alimentos é um processo que está ganhando cada vez mais força. Elas são aliadas do produtor, do intermediário e do consumidor final, pois tornam cada etapa mais confiável, ágil e transparente para garantir a segurança alimentar. Faça bom uso deste guia, ele traz informações e dicas importantes que podem ajudar todo o setor de foodservice.
Não podemos negar que a tecnologia está revolucionando todos os campos da atividade humana. A segurança alimentar não poderia ficar de fora. Ferramentas como a IoT (Internet das Coisas), a IA (Inteligência Artificial), o blockchain – um banco de dados avançado que faz o compartilhamento de informações de uma empresa – estão sendo utilizados para rastrear toda cadeia de suprimentos alimentares com o objetivo de encontrar os gargalos que possam interromper esse fluxo para que os alimentos cheguem com mais segurança e de maneira fluída.
A importância da tecnologia na segurança alimentar
A tecnologia alimentar tem desempenhado um papel fundamental na produção. Isso está trazendo mais produtividade e é muito importante na promoção da segurança alimentar. Veja o que é possível fazer com a tecnologia na cadeia alimentícia.
Como empresas podem usar a tecnologia a favor da segurança alimentar no país
A tecnologia verde pode ser empregada em diferentes frentes para garantir a segurança alimentar. Desde a produção de sementes geneticamente modificadas, que criam plantas imunes a determinadas pragas, por exemplo.
Mas existem outras ferramentas tecnológicas que ajudam a produção no campo, veja só:
- Implementação de sistemas com sensores para sinalizar sobre possíveis ameaças externas;
- Drones para monitorar a plantação de forma rápida e mais econômica;
- Mapas de satélites para obter uma previsão do clima com maior precisão;
- Automatização do sistema de irrigação no melhor horário do dia.
E mais, a tecnologia blockchain permite rastrear toda a cadeia de suprimentos alimentares com registros documentais de cada etapa. Isso permite identificar desde a origem e os aspectos sobre segurança no decorrer do processo.
Na etapa final, o da embalagem do produto, também conta com tecnologia de ponta. As máquinas são capazes de colocar a quantidade correta no invólucro, selar e deixá-lo prontinho para ser transportado.
Essas são algumas tecnologias que podem ser implementadas para tornar a segurança alimentar mais efetiva. Esse setor de inovação traz novidades todos os dias e, conforme vão se desenvolvendo e sendo adaptadas para o setor alimentício, novas funcionalidades vão surgindo. É só questão de tempo.
Fazendas verticais
As fazendas verticais são algo totalmente diferente da concepção que temos de uma fazenda tradicional, com aqueles campos amplos, ao ar livre e onde vemos a plantação em contato com a terra.
O que são fazendas verticais?
A fazenda vertical é uma solução para grandes cidades, como São Paulo, que por sua densidade não têm locais para o cultivo em espaços amplos. Nas fazendas verticais o ambiente é todo controlado e as plantas são cultivadas em camadas, como se fossem prateleiras.
Cada recipiente recebe a planta que é alimentada com as técnicas de hidroponia (utiliza a água, mas com restrição de oxigênio), aeroponia (existe maior liberação do oxigênio na água para a planta) ou aquaponia (o cultivo da planta em espaços compartilhados com a criação de peixes, camarões, etc). Nas fazendas verticais, a iluminação também é artificial, utiliza-se lâmpadas de LEDs ou então, outro sistema para o fornecimento de luz nas plantas.
Benefícios das fazendas verticais na segurança alimentar
Fazendas verticais ocupam um espaço menor em termos de extensão. Elas foram criadas para serem implementadas em espaços reduzidos, pois o cultivo é feito verticalmente, perfeitas para perímetros urbanos com grande densidade e pouco espaço disponível. O ambiente das fazendas verticais é totalmente controlado, em termos de iluminação, rega, uso de pesticidas (praticamente não há) e protegido do ambiente externo.
O controle ambiental permite que o cultivo seja feito o ano todo, sem o problema da sazonalidade das fazendas tradicionais.
A proximidade com grandes centros urbanos reduz o percurso entre a fonte de produção e o público consumidor. Fator que contribui para a redução do custo das emissões poluentes permitindo que os alimentos cheguem mais frescos, é uma agricultura sustentável.
Exemplos de fazendas verticais bem-sucedidas
Esse modelo de cultivo se espalhou por diversas partes do mundo. Veja alguns exemplos bem-sucedidos que vamos destacar:
AeroFarms (Estados Unidos)
Instalada em um grande galpão em Newark, Nova Jersey, desde 2004, a AeroFarms é uma das maiores fazendas verticais do mundo. Utilizando alta tecnologia para o cultivo de folhas verdes, consegue produzir mais de 250 tipos de alimentos utilizando 95% menos água do que em fazendas tradicionais. Produz microgreens – vegetais jovens colhidos logo após germinarem – vendidos em mais de 2.000 pontos de venda como o WalMart e o Whole Foods Market. Possui inúmeros certificados por sua atuação de hortifrúti e por praticar uma agricultura sustentável.
SkyGreens (Singapura)
Singapura é um país em que a agricultura tradicional tem pouco espaço para o cultivo. A SkyGreens foi a solução encontrada para seu problema de área agrícola. Iniciou as atividades comerciais em 2012 instalando torres hidropônicas, movidas a energia hidráulica, de baixo consumo energético onde são produzidos vegetais frescos e folhas verdes.
Plantagon (Suécia)
Aliando uma arquitetura futurista e uma fazenda vertical, a Plantagon foi instalada em uma enorme cúpula de vidro onde os alimentos são cultivados em uma espiral. Localizada em meio ao ambiente urbano da cidade de Linköping, sul da Suécia, a proximidade com o consumidor, permite vender diretamente ao público.
Pink Farm (Brasil)
Localizada em um ponto estratégico, próximo a grandes concentrações de bares, restaurantes e cafeterias, a Pink Farm, em São Paulo, tem como clientes muitos dos estabelecimentos ao redor de suas instalações na Vila Leopoldina. Seu galpão ocupa 600m² com pé direito de 7 metros, e é nessa altura que ficam as prateleiras onde são cultivados vegetais, legumes e microgreens, acessados por um elevador portátil. Funcionando desde 2017, a iluminação rosa sobre as plantas simula a luz solar, que acelera a fotossíntese.
Técnicas que aumentam o shelf life dos alimentos
Aumentar o shelf life (ou a vida útil, em tradução livre) dos alimentos seja um dos maiores desafios. Muitos são extremamente perecíveis, como legumes, folhas e frutas. Em um cenário onde há grande insegurança alimentar, prolongar a vida útil dos alimentos proporciona que mais pessoas passem a ter a segurança nutricional que precisam.
Tecnologias de conservação de alimentos
Em todas as etapas da cadeia alimentícia existe a tecnologia desenvolvida para a conservação dos alimentos por mais tempo. Já contamos com embalagens inteligentes que controlam a presença de oxigênio e do dióxido de carbono presentes em seu interior. Conservantes naturais inibem que micro-organismos se proliferem, e equipamentos de refrigeração mais avançados permitem um congelamento mais rápido que ajuda a preservar sua textura e sabor por um tempo maior.
Kerry Alimentos e suas inovações
A Kerry Alimentos utiliza em seus processos uma combinação de ciência e inovação para aumentar a vida útil dos seus alimentos. Hoje é líder mundial em soluções de sabor e nutrição. Entre as técnicas que utiliza, destacamos:
- Conservantes naturais e extratos vegetais: utilizados para impedir a deterioração causada por bactérias;
- Controle de umidade: controle total da umidade dos alimentos, fonte de proliferação de bactérias e micro-organismos, e da perda de textura;
- Antioxidantes: misturam antioxidantes naturais a fim de retardar a oxidação dos alimentos, que acelera sua degradação.
Impacto dessas técnicas na qualidade e segurança
Preservar as características como sabor, aroma, textura e aparência é fundamental quando se trata de alimentos, pois transmite uma qualidade alimentar. O uso de conservantes naturais aumenta significativamente a vida útil dos produtos e o controle de umidade, os antioxidantes prolongam o frescor dos alimentos por muito mais tempo, mesmo em condições extremas eles permanecem crocantes.
Rastreabilidade como fator de segurança alimentar
Rastrear todas as etapas percorridas pelo alimento é mais uma medida que garante a segurança alimentar. É possível saber onde ocorrem os problemas e fica mais fácil identificar e saná-las.
Importância da rastreabilidade
Implantar sistemas de rastreamento alimentício é importante para identificar possíveis contaminações que acabam afetando toda a cadeia alimentar. Se houver um surto de alguma doença em um rebanho, por exemplo, é possível saber onde começou e isolar os animais a partir daquele ponto.
A rastreabilidade alimentar também traz transparência a todo o processo, além de evitar maiores prejuízos financeiros, pois o foco do problema é identificado e pode ser rapidamente solucionado, não é levado adiante.
Métodos de rastreabilidade
Existem métodos e tecnologia própria para fazer um rastreio eficiente na cadeia alimentícia. O importante é ter dados confiáveis para poder agir em caso de algum problema nas etapas, para isso vale usar os recursos disponíveis, como:
- Códigos de barra ou QR Codes: carregam todas as informações para identificar e rastrear os produtos ao longo do processo, como lote e origem.
- Identificação por radiofrequência (REFID): permite rastrear os produtos automaticamente e em tempo real. Ideal para uma logística em grande escala.
- Blockchain: uma das tecnologias mais indicadas para fazer o rastreamento, pois além de rastrear, é possível documentar todo o processo a fim de fazer uma análise posterior.
- Sistema de Informação Geográfica (SIG): utilizado para rastrear e também, indicar a localização geográfica do produto em cada estágio em que se encontra. Perfeito para mapear produtos perecíveis.
Benefícios da rastreabilidade para consumidores e empresas
Um sistema de rastreamento bem implementado e utilizando tecnologias é benéfico para toda a cadeia de alimentos, desde a produção até o consumidor final.
Os produtores têm maior controle da sua produção e podem conseguir certificados de seus produtos, o que melhora sua competitividade. Melhora a eficiência logística para os distribuidores e reduz os riscos legais e econômicos que possam acontecer em alguma etapa do processo.
Os consumidores terão a certeza que a qualidade e a segurança dos produtos estão garantidas, favorecendo na maior transparência, tanto do fabricante, quanto do distribuidor. Facilita o trabalho de órgãos reguladores, como o de abastecimento ou da vigilância sanitária, favorecendo ainda mais a segurança alimentar.
O futuro da tecnologia na segurança alimentar
Conforme a tecnologia avança, novas funcionalidades vão sendo incorporadas na segurança alimentar. Mas o grande desafio é adotar as novas tendências e tecnologias para a melhoria contínua dos processos da cadeia alimentícia.
Tendências emergentes
Entre as tecnologias que podemos destacar estão:
- Inteligência Artificial (IA): ferramenta importante para análise de grandes volumes de dados com rapidez. Os algoritmos da IA podem detectar possíveis contaminações ou falhas no processo de produção e logística.
- Internet das Coisas (IoT): utilizando sensores inteligentes em toda a cadeia alimentícia, é possível monitorar em tempo real, as condições de transporte, armazenamento e manipulação dos alimentos para que fiquem dentro das perspectivas quanto ao frescor, qualidade e armazenamento adequado.
- Blockchain: faz o registro de todas as etapas, desde a produção até a distribuição dos alimentos. Isso garante um rastreamento seguro, confiável e transparente, com registro documental.
- Impressão 3D: é possível criar alimentos personalizados e com design diferenciado. O alimento pastoso é impresso camada por camada até o resultado final. O gosto pode variar de acordo como a pasta é preparada.
- Agricultura de Precisão (AP): utiliza dados e tecnologia específica para otimizar o uso de recursos e assim, melhorar a segurança dos produtos a fim de fornecer informações precisas para o produtor realizar uma gestão eficiente.
Desafios e oportunidades
É fato que a tecnologia trouxe uma melhora significativa na segurança alimentar. Mas há grandes desafios que precisam ser superados, como a integração de sistemas; custos de implementação; resistência às mudanças de alguns profissionais; segurança cibernética.
Na contramão dos desafios, as oportunidades são grandes, veja só:
- Investir na educação e na capacitação de profissionais para aprenderem sobre as novas tecnologias;
- Criar parcerias entre órgãos governamentais, indústrias e centros de pesquisa para que a integração das tecnologias sejam plenamente implementadas;
- Investir em tecnologia que promova a sustentabilidade alimentar e assim melhorar a segurança alimentar e em novos negócios;
- Criação de novas regulamentações que incentivem a implementação de tecnologias para a segurança alimentar.
Pontos importantes sobre o uso da tecnologia em favor da segurança alimentar
Vamos citar alguns termos importantes que falamos ao longo deste guia e como o uso da tecnologia pode trazer mais segurança alimentar. O uso da tecnologia contínua irá aprimorar ainda mais a segurança alimentar. Mas é preciso estar atento à inovação em alimentos e investir em capacitação e estudo para tirar o melhor proveito dela.
Veja alguns termos que utilizamos para fomentar o uso da tecnologia em favor da segurança alimentar
- Agricultura de precisão (AP): uso de tecnologia para otimizar a produção agrícola, ajustando práticas de cultivo conforme a variabilidade do solo e do clima.
- Blockchain: tecnologia de registro distribuído que garante a segurança, transparência e rastreabilidade das transações.
- Código de barras: sistema de codificação de informações em linhas e espaços paralelos, lido por scanners para identificar produtos.
- Conservantes naturais: substâncias derivadas de fontes naturais usadas para prolongar a vida útil dos alimentos sem prejudicar a saúde.
- Controle de umidade: gestão da umidade no armazenamento de alimentos para prevenir a deterioração e garantir sua qualidade.
- Fazendas verticais: estruturas de cultivo em ambientes fechados que utilizam camadas empilhadas para maximizar a produção em espaços urbanos.
- Identificação por radiofrequência (RFID): tecnologia que utiliza ondas de rádio para identificar e rastrear, automaticamente, objetos e produtos.
- Inteligência Artificial (IA): sistemas computacionais que simulam a inteligência humana para executar tarefas como reconhecimento de padrões e tomada de decisões.
- Internet das Coisas (IoT): rede de dispositivos conectados à internet que comunicam dados entre si, permitindo automação e controle remoto.
- Microgreens: plantas jovens, colhidas logo após o surgimento das primeiras folhas, ricas em nutrientes e usadas em saladas e guarnições.
- QR Code: código bidimensional escaneável por smartphones, usado para armazenar e acessar informações rapidamente.
- Rastreabilidade: capacidade de rastrear a origem e o percurso dos alimentos ao longo da cadeia de suprimentos.
- Segurança alimentar: medidas e práticas que garantem a produção e distribuição de alimentos seguros para o consumo humano.
- Shelf life: período durante o qual um alimento ou produto permanece adequado para consumo sob condições de armazenamento recomendadas.
- Sistema de Informação Geográfica (SIG): tecnologia que analisa e visualiza dados geográficos, permitindo o mapeamento e a gestão espacial.
A segurança alimentar está presente na vida de todos. Você também pode incentivar e apoiar a inovação em alimentos para que sejam implementadas para termos comida mais fresca e de qualidade.
A implementação das novas tecnologias torna mais eficiente todo o processo, desde o produtor até o consumidor final. Mas sua importância vai além, pois cria uma transparência em todas as etapas e permite identificar o que pode ser melhorado.
O seu apoio às tecnologias contribui para que no futuro, os produtos tenham sua segurança alimentar garantida. Estar aberto à inovação em alimentos permite melhorar os produtos para que mais pessoas possam consumir alimentos de melhor qualidade.