Os food halls são espaços gastronômicos que reúnem restaurantes, bares, cafés e lojas voltadas para a culinária. A proposta é oferecer novas experiências gastronômicas para encontro em grupos (amigos ou familiares) a fim de oferecer momentos de lazer em um ambiente aconchegante e descontraído. O conceito está se espalhando por diversos países e o Brasil é um deles.
Você já ouviu falar em food hall? É uma nova tendência gastronômica para alimentação fora do lar que está conquistando cada vez mais pessoas. Esse conceito teve início no Reino Unido e consiste em reunir, em espaços gastronômicos, restaurantes, bares, cafés e lojas ligadas à culinária.
Você deve estar se perguntando: “A praça de alimentação de um shopping center já não é assim?” Calma, a descrição é muito parecida, mas a proposta é bem diferente e a gente explica, continue a leitura.
A ideia inicial dos britânicos foi oferecer variedade gastronômica dentro de grandes shoppings centers que estavam com espaços ociosos. A proposta era fazer com que as pessoas se sentissem bem no ambiente dos food halls para aproveitar esses momentos e, enquanto estivessem reunidas, consumissem mais.
A iniciativa naquele momento, se uniu à necessidade dos grandes varejistas que precisavam de uma alternativa para preencher esses espaços vazios, pois o público em suas instalações estava diminuindo gradativamente devido à mudança de comportamento das pessoas.
Essa decisão foi corroborada pelos estudos coordenados pela Cushman & Wakefield (EUA), líder global em serviços imobiliários corporativos. O que apuraram foi que entre 2007 e 2017, a ocupação dos espaços comerciais nos shoppings centers sofreu uma alteração significativa. Em 2007 a proporção de lojas do varejo tradicional era de 60%; as lojas âncoras (grandes magazines e/ou lojas de departamentos) representavam 30%; somente 10% era destinada ao entretenimento e consumo de alimentos, as chamadas praças de alimentação.
O estudo apontou que em 2017 as ocupações mudaram, com exceção da parcela das lojas âncoras que ficou inalterada. A ocupação do varejo tradicional foi reduzido a 50% (perdeu 10%) e a área destinada ao entretenimento, bebidas e alimentos teve aumento para 20% (ganhou 10%). O aumento desses espaços mostra que as pessoas têm dado grande importância à alimentação e ao lazer nos shoppings centers.
Diante disso, podemos dizer que o conceito do food hall é uma evolução das praças de alimentação como as conhecemos hoje. Mas, ao contrário dos inúmeros fast foods que recheiam os shopping centers, a proposta do food hall apresenta cozinhas mais elaboradas que servem pratos artesanais ou até mesmo autorais.
Ou seja, se a pessoa quiser comer comida de verdade, no food hall ela vai encontrar uma variedade de restaurantes dos mais diferentes tipos e origens. E ao contrário da comida rápida, os food halls convidam a estender a permanência para aproveitar ao máximo os momentos de lazer.
A arquitetura e a decoração do espaço também contribuem com essa vontade de ficar em um food hall. Elas são mais convidativas e alinhadas à gastronomia. Esse recurso favorece um mergulho mais intenso no universo culinário, onde as pessoas estão envolvidas por ambientes inspiradores para terem momentos especiais ao redor de uma mesa com boas companhias.
Porque os food halls estão ganhando mais espaço
Essa nova proposta do mercado de alimentos, o de reunir em um só local restaurantes, bares, cafés e lojas ligadas à gastronomia, oferece maiores opções na hora de escolher o que comer. Aquela dúvida sobre qual restaurante ir para almoçar com o grupo de amigos não existe em um food hall, afinal, encontram-se ali, diversos tipos de restaurantes que servem pratos diferentes e cada um pode fazer a sua escolha.
Tendências de consumo que favorecem esse modelo
A variedade de opções culinárias tem atraído cada vez mais pessoas, principalmente os mais jovens. Eles estão conectados às redes sociais voltadas à gastronomia, como o Instagram e o Snapchat e querem experimentar as novas tendências alimentares que aparecem nas postagens.
Como dissemos, o próprio ambiente do food hall também é um chamariz para atrair o público. Não apenas pela arquitetura e decoração, com sua atmosfera que remete à culinária, ao aconchego e a reunião em grupo. Essa gastronomia compartilhada, com mesas que abrigam pessoas diferentes em um mesmo local, favorece a integração entre os clientes e promove a diversidade.
Alguns restaurantes até exibem, com orgulho, uma cozinha aberta, onde é possível ver a cozinha, a movimentação dos profissionais e a preparação dos ingredientes. É um espetáculo ímpar ver os bastidores do que será servido!
Benefícios para consumidores e empresários
Ao inserir entretenimento a essa atmosfera toda, como música ao vivo, por exemplo, o ambiente fica completo. A experiência é muito rica e prazerosa, a vontade de permanecer e consumir é aumentada. Aliada a uma ótima localização dentro de um shopping, os food halls podem se transformar em âncoras e atrair muito mais público.
Seu grande potencial como espaço multiuso pode ainda abrigar eventos esporádicos e até mesmo incentivar um coworking diferente para oferecer aos colaboradores um ambiente de trabalho mais descontraído. Sem falar na questão da segurança, que é muito mais efetiva nesses grandes centros comerciais.
Agora que falamos nas vantagens do food halls para os clientes, vamos citar algumas direcionadas para os donos de restaurantes, veja só:
- Como é um espaço compartilhado, os custos seguem esse mesmo cálculo, ou seja, é dividido por todos os estabelecimentos.
- Muitos food halls fornecem os espaços de cozinha, preparação de alimentos e sistemas de vendas, os proprietários dos restaurantes não precisam se preocupar.
- É um espaço ideal para fazer a inovação culinária e criar combinações inusitadas. Os de maior sucesso podem ser incorporados ao menu permanente.
- O investimento inicial não é tão alto, por ser uma economia compartilhada, uma vez que grande parte da estrutura é fornecida pelo food hall.
Impacto dos food halls no mercado brasileiro e global
A partir do Reino Unido, o conceito dos food halls se espalhou rapidamente, chegou aos Estados Unidos e depois alcançou diversos outros países da Ásia, América Latina e Austrália. Isso mostra que uma gastronomia multicultural desempenha um papel importante na conexão de pessoas em diversas partes do mundo.
A experiência culinária proporcionada pelos food halls, além da boa comida, novos sabores e ampla diversidade em um só local, aproxima e torna os momentos em grupo em experiências inesquecíveis.
Exemplos de Food Halls bem-sucedidos no Brasil e no mundo
No Brasil, um bom exemplo é o Taste Lab, localizado no Shopping Tamboré, em Barueri, cidade da Grande São Paulo. Inaugurado em 2022, hoje conta com 14 restaurantes, alguns bem renomados, como a Camelo Pizzaria e o Jun Sakamoto, especializado em cozinha oriental.
Para criar um clima de descontração, o espaço aposta em música ao vivo de vários estilos para agradar um público bem variado. Até as crianças têm um espaço só delas: o Parquinho Kids, onde elas podem brincar e se divertir com toda segurança.
Entre os exemplos internacionais, podemos citar o Time Out e o Manifesto Market, em Berlim. O Time Out está presente nas cidades mais badaladas do mundo, como: Lisboa, Londres, Nova Iorque, Chicago, Miami, Montreal, Dubai, Cape Town e, em breve, Barcelona. Uma curiosidade e, ao mesmo tempo, um selo de qualidade: como surgiu da revista Time Out, especializada em gastronomia, para se instalar em um dos seus endereços, o restaurante precisa passar pelo crivo dos críticos culinários da revista, por isso, pode ter certeza que o cardápio de cada estabelecimento tem comida saborosa e preparo especial.
Já o Manifesto Market fica na praça PotsDamer, na Alemanha. Essa praça tem muita história. Foi totalmente devastada na 2ª Guerra Mundial; no pós-guerra foi cortada pelo Muro de Berlim que dividiu as duas Alemanhas durante a Guerra Fria. Um lugar feio e abandonado, foi totalmente revitalizado e tornou-se um ponto turístico disputado.
E é nessa praça icônica, que foi instalado o Manifesto Market, um prédio que reúne restaurantes de diversas partes do mundo, com um andar inteiro dedicado à culinária asiática dos diversos países desse continente. Ainda possui lojas especializadas em vinho e demais lojas dedicadas à culinária, o espaço também está preparado para receber eventos dos mais variados tipos.
Influência cultural e econômica dos food halls
Por reunir uma variedade de restaurantes, os food halls proporcionam um mergulho na culinária dos mais diferentes estilos e culturas. Isso enriquece o conhecimento das pessoas ao entrar em contato com a comida típica das mais diferentes regiões do mundo.
Do ponto de vista econômico, ao reunir tendências alimentares de diversos lugares, gera maior renda aos donos de restaurantes que apostam na inovação. Ao oferecer a oportunidade das pessoas a novas experiências gastronômicas, ter contato com ingredientes desconhecidos, apreciar a combinação de sabor inusitado e ter contato com um prato típico sem precisar viajar para outras cidades ou país, os clientes se sentem recompensados e isso não tem preço.
Desafios e considerações na gestão de food halls
Por reunir diversos tipos de estabelecimentos que oferecem uma grande variedade, os desafios dos food halls são enormes. Começando pela cadeia de abastecimento que precisa contar com uma logística exemplar para poder escolher os melhores fornecedores, cumprir com a entrega dos artigos (a maioria perecível) no dia certo, além da logística interna que consiste no descarregamento dos produtos, entregá-los no estabelecimento correto e toda essa operação precisa ser feita sem interferência no salão e na ocupação dos clientes nas mesas.
Gestão logística e de qualidade
Outro ponto crucial refere-se à qualidade do que será servido. A variedade dos alimentos requer cuidados especiais na logística, que envolve o armazenamento e o preparo dos diferentes ingredientes para manter a segurança alimentar exigida pelos órgãos de vigilância sanitária. Nesse ponto, cada dono de restaurante precisa ter olhos atentos para se manter no mais alto nível do que é servido.
Enfrentando a concorrência e mantendo a originalidade
O sucesso dos food halls exige dos estabelecimentos, em especial os restaurantes, uma originalidade constante para atrair um público cada vez mais exigente, bem informado, antenado com as tendências mundiais e a favor do consumo consciente. Um bom exemplo é o público vegano, que vê no bem-estar animal uma das razões por adotar esse estilo de vida.
Mas em um food halls tem lugar para todas as tendências, inclusive a culinária internacional, por que não? É preciso lembrar que um restaurante estará disputando clientes com os demais estabelecimentos e em um mesmo espaço. O grande diferencial de cada um deverá estar nos serviços e nos pratos.
Quanto mais qualidade, sabor e criatividade, maiores serão as chances de atrair cada vez mais público. Aliás, apostar na inovação deve ser uma constante para que as pessoas tenham a percepção de que o restaurante que elas foram no mês passado já está com receitas novas no cardápio, o que mostra uma preocupação com novas propostas de comida.
O futuro dos food halls
O conceito dos food halls é uma tendência já sentida há algum tempo. Seu ritmo foi reduzido, em parte, pelo processo pandêmico pelo qual passamos. Mas agora que as restrições sociais já não são mais necessárias e os encontros são possíveis e até mesmo incentivados, a expansão é um caminho sem volta. Afinal, quem não gosta de apreciar uma boa comida, um lugar descontraído para reunir os amigos ou a família em um espaço numa grande comunidade alimentar? Ou mesmo para promover um happy hour com os colegas de trabalho cercado de segurança?
Inovações e tendências emergentes
Os consumidores estão cada vez mais informados e muitos são engajados em questões como a sustentabilidade alimentar. Os food halls podem representar um papel importante no que as pessoas consomem ao apostarem em uma alimentação composta por alimentos frescos, uma cozinha mais equilibrada onde o importante é a saúde das pessoas.
Perspectivas futuras para expansão e sustentabilidade
Já apontamos aqui que a gestão dos food halls envolve grandes desafios, mas é importante ressaltar que a tecnologia pode ajudar muito para que todo o funcionamento seja efetivo e seguido à risca para alcançar benefícios como:
Eficiência: a tecnologia ajuda no controle do estoque; a evitar o desperdício de alimentos; na redução dos custos; na automatização de processos; na hora do cliente realizar o pagamento; entre muitos outros benefícios.
Inteligência: ajuda a calcular o custo do prato ou item vendido; na análise das informações; a identificar oportunidades com os dados colhidos; a verificar os pratos mais pedidos; os horários de maior movimento; o perfil dos clientes; o ticket médio do dia; etc.
Inovação: a tecnologia pode tornar as operações mais eficientes e ágeis, por exemplo, no uso do cardápio digital; nos pagamentos eletrônicos; na divulgação de novidades via redes sociais; ao facilitar os pedidos por delivery; etc.
Como vimos, os food halls são locais compartilhados onde o que impera é a boa comida, um ambiente agradável e descontraído para as pessoas passarem momentos agradáveis com amigos e familiares, afinal, quem não gosta de estar com as pessoas que gostamos ao redor de uma mesa?